No dia 1 de
novembro fazemos memória e homenagem aos familiares e amigos/as que já
faleceram. Todos os anos levo uma flor ou um ramo bem simples à campa dos meus
avós... simples como sempre foram as suas vidas. Na passada lenta com que
percorro o cemitério, observo o espaço, ornamentado de cores e de flores
suficientes para homenagear todos aqueles que já morreram; sinto os cheiros das
orquídeas, dos crisântemos, e da cera das velas; e vejo as pessoas
(particularmente mulheres) a limpar as campas, a acender as velas e a rezar.
Pessoas de semblante fechado, como se espera de quem visita um cemitério.
Famílias que se reúnem, que se reencontram ou que se cruzam sem falar. Sentada
na campa dos meus avós, no dia de celebrar a vida e a morte, fico com a
sensação que se vive mais a tristeza da perda, do que a alegria de ter havido
vida.
Todos/as temos
os nossos mortos (reais ou simbólicos), e a grande questão parece estar na
forma como nos relacionamos com tal realidade. A todos/os provoca dor, mas
quando compreendemos que morrer é uma tarefa que se constrói vivendo, a morte
ganha uma outra expressão: afina a nossa conduta, alerta-nos para a
impermanência das coisas, resgata a experiência da (nossa) vida e permite-nos
conviver com a morte não numa relação de luto constante [que deprime e que
impede a vida], mas como forma de celebrar a Vida.
Neste
espírito, todos os anos, neste mesmo dia, a família (paterna) se reúne,
avivando a memória do meu avô, que vive em cada um de nós, e celebrando a vida
da minha avó, elo unificador.
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