quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Crónicas de uma viagem à Índia: Viajar sobre carris




É quase um lugar comum dizer que viajar de comboio na Índia é uma experiência inigualável. O que tem de enriquecedora, por fazer parte do processo de vivência cultural do país, tem de desafiante. As estações de comboio são enormes e confusas, onde circulam centenas de pessoas: viajantes, vendedores e pedintes. É preciso chegar cedo para se ter tempo suficiente para encontrar a linha e as carruagem certas. Carruagens que estão divididas em várias classes, para todos os estratos sociais. Para os estratos mais baixos, a Classe G (Geral), carruagens com bancos em madeira, sempre sobrelotadas. Como os lugares não são garantidos, as pessoas vão chegando à estação bastante cedo, e colocam-se em “fila indiana” (pela primeira vez pensei nas origens desta palavra, e como faz sentido!!) para garantirem um lugar. Nós viajamos na sleeper class (tivemos duas viagens de 12 horas), carruagens onde se encontra do mochileiro (como era o nosso caso) a famílias grandes e com  muitas crianças. A disposição das camas é em beliche, verticalmente colocados (3+3), não tem lençóis, a janela é aberta (porque não tem AC, apenas três ventoinhas no tecto) e não tem cortinas a isolar as cabines. A classe sleeper é geralmente suja, muito movimentada, com pessoas sentadas no nosso lugar e as casas de banho são particularmente desagradáveis. Se me perguntarem se foi fácil, digo que não!! Se me perguntarem se repetia, a minha resposta é convictamente afirmativa... Ok, ok, o Ar Condicionado tinha ajudado um pouco!! J Foi no total espírito de aventura!

(publicado a 30 setembro 2016)

Sem comentários:

Enviar um comentário