“Breathe in, breathe out... feel the enerzyy... Gut, gut”, repetia vezes sem conta o
nosso mestre de yoga. Arriscamos na aventura de fazer uma aula de yoga, em
Varanasi. Não podíamos deixar de experienciar esta arte milenar originária da
Índia, relacionada com o budismo e
com o hinduísmo, e cujo objetivo central é o desenvolvimento, harmonização e
unificação do ser. Uma filosofia prática que, como nos explicava o mestre no
início da sessão, trabalha o
corpo e a mente. Por isso yoga e meditação foram desenhadas para serem
praticadas em conjunto, porque o yoga ajuda a fortalecer o corpo e a meditação
ajuda a fortalecer a mente. Á medida que praticas o não-julgamento e a
aceitação ganhas mais espaço interno para a transformação, dizia ele. Neste princípio
iniciamos a nossa aula aprendendo técnicas e prática corporais, respiratórias,
de relaxamento e concentração. Tivemos momentos exigentes, principalmente
físicos, para conseguir acompanhar as posições do yoga e os difíceis exercícios
de respiração, mas também de diversão e boa disposição. Praticamos o Om, que
representa o poder de Deus por ser considerado o som da criação. E terminamos com
o yoga do riso, que foi verdadeiramente terapêutico!!
Quem pratica yoga sabe que existem diversas
linhas e orientações, que exprimem diferentes princípios filosóficos e métodos.
Não pretendo falar do que não sei, mas partilhar a experiência do que senti. Por
um lado, a experiência de ter percebido que, independentemente de estar num
templo, numa rua ou no Hard Rock Café, a mensagem está sempre lá: “Love all
Serve all”, “Take time to be kind”. A Índia transpira essa espiritualidade (não
significando isso que não aposte no conhecimento e no progresso), essa harmonia
com a Natureza e com o Divino, mobilizando-se
em torno de uma cultura mais baseada no ser do que no ter. Talvez isso explique
o sentimento de segurança (e.g. crime de roubo, assalto...) que vivenciei
durante a minha estada. Por outro lado, a experiência de “não ter percebido”
como é que uma cultura de dádiva ao outro pode ser conciliável com um sistema
de castas que, não sendo oficial, está enraizado culturalmente na forma de
símbolos e tradições, perpetuando desigualdades sociais, naturalizando a
miséria como uma “vontade de Deus”, e mantendo a condição desvalorizada da
mulher, mas sobre isto escreverei um outro post.
Sem comentários:
Enviar um comentário