É impossível ficar indiferente quando passamos por um Sikh. O
uso do turbante, elegantemente enrolado, é a sua grande marca, transmitindo
singularidade e identidade. Uma identidade de fé. Uma declaração pública do
compromisso a uma religião e a uma forma de vida, que deve ser usado em todas
as ocasiões e profissões. Por isso mesmo, o turbante Sikh é religião, mas
também moda e cultura. O turbante pode ser de várias cores, para combinar com a
roupa, mas o seu principal o objetivo é proteger os longos cabelos que, vistos
como sagrados, não devem ser cortados. Ao turbante junta-se o uso do Kara, um
bracelete de metal que representa a eternidade e que os Sikhs usam desde o
nascimento.
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O sikhismo é uma religião fundada no século XV, pelo
Guru Nanak (1469-1539), na região de Punjab.
Hoje, é a quinta maior religião do mundo, correspondendo, em estimativa, a 2%
da população da Índia O Guru Nanak procurou desenvolver uma nova
religião que incluísse os pensamento e as crenças de duas grandes religiões: o
islamismo e o hinduísmo. Do primeiro, reteve o monoteísmo e a proibição da
idolatria. Do segundo, a crença no Karma e na reencarnação. Procuraram abolir o sistema de castas e o
Sati (a cremação da viúva), e defendem que todos/as têm direitos iguais
independentemente da sua casta, credo, cor, raça, sexo ou religião. A busca
pela salvação é feita através do contexto social e é, neste espírito, que eles
enfatizam os serviços à comunidade e a ajuda aos mais pobres. Foi um momento
muito gratificante poder ter assistido, num templo Sikh em Nova Delhi, a este
serviço gratuito à comunidade. Numa imensa sala são servidas, todas as noites,
centenas de refeições quentes, preparadas e servidas por voluntários/as Sikh.
Foi impressionante a forma como as pessoas entraram e se sentaram no chão de
forma perfeitamente organizada e ordeira. Homens, mulheres, crianças, idosos/as,
famílias inteiras... todos/as são servidos, todos/as são bem-vindos,
independentemente das suas crenças e pertenças identitárias. Para mim, foi um
momento particularmente emotivo porque não pode ser separado das fraturantes
desigualdades sociais que caracterizam a Índia e que mantêm milhões de pessoas
a viver formas de sub-humanidade. Foi ao retrato cru desta realidade que
assistimos enquanto deambulávamos pelo lado “menos nobre” da cidade de Delhi, o
que dignificou ainda mais este serviço de dádiva ao outro.
(publicado a 3 out 2016)
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