Para
quem chega a Nova Delhi pela primeira vez o choque inicial é grande, diria que,
mais do que um choque cultural, é um choque de sentidos... não há um único
sentido que não se apure: são imensas as cores, intensos os odores, diversos e
picantes os paladares. Buzinhas insurdecedoras, transito caótico e altos níveis
de poluição. Milhares de pessoas a circular pelas ruas, a discutir e a regatear
preços, a cozinhar, a vender e a comer. Convive-se com a miséria, com a falta
de higiene e com os esgotos e lixeiras a céu aberto, que são partilhados por
pessoas e animais. Depois temos a riqueza histórica e cultural que encontramos
em qualquer esquina e viela, onde se erguem pequenos e grandes templos, de
ornamentos sem igual. Por todos os lados há imagens
dos deuses do hinduísmo, como Brahma, Shiva, Ganesha ou Krishna, adorados e
reverenciados por quem por eles passa.
Nova
Delhi é uma cidade de contrastes abissais. Tem cerca de 16 milhões de habitantes (2011), e é capital de um país
que mais parece um continente. A cidade divide-se em dois. A “Nova” Delhi, uma cidade moderna, com avenidas imensas,
parques e jardins amplos, centros comerciais e arquitetura moderna, onde o/a
estrangeiro/a não é assim tão diferente e, naquele momento, um sentimento de
proximidade cultural; e a “Velha” Delhi que arrasta séculos de história e onde
encontramos os templos, as mesquita, os bazares e os vendedores de rua. Prepare-se
para regatear tudo. Os preços são geralmente baixos, mas não pague mais do que
a metade do valor que é oferecido, especialmente no vestuário e no artesanato. A
Velha Delhi é feita de cor e de diferença. É feita de Namastê (maneira respeitosa de cumprimentar) e de
Shukriáh (significa obrigada). Uma cidade que parece correr a várias
velocidades. Se conhecermos apenas uma, perdemos a imagem completa da cidade,
regressando a casa ou com imagens de catálogo ou com imagens de caos e
desorganização. Nova Delhi é feita das duas.
A culinária indiana é outro desafio para o nosso
organismo pouco habituado a comida (muito) picante. Até a comida “no spicy” era
de bradar aos céus! Os temperos seduzem pelas suas cores e aromas, o que torna
a comida irresistível... e com ela os problemas gastro-intestinais J Dos tandoori aos talis, sempre acompanhados
pelo chapatis (pão fino feito de farinha de trigo), a gastronomia indiana é
muito diversificada. Sem esquecer do chai (chá), sempre pronto a servir!
Viver Nova Deli foi muito mais do que a visita
aos monumentos (Red Fort, Jama
Masjid, Portão da Índia,Templo
de Lótus), foi viver a cidade por dentro. Percorrer as suas ruas feitas de frenesim, sentir os seus cheiros (do incenso
ao pérfido), andar de transportes públicos, conversar com as pessoas e tirar
fotografias com elas (é muito comum pedirem para tirarem
fotos connosco. Homens, mulheres, famílias inteiras), ir ao cinema (não apenas
pelo filme, mas pela experiência. É só preciso baixar
as resistências culturais).
(publicado a 5 out 2016)
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