quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Crónicas de uma viagem à Índia: “Em Roma sê romano/a”: ser maharaja e maharani* por um dia.

Quem leu o meu post anterior, percebeu a força simbólica que a Era dos Marajás continua a ter em cidades como Jaipur. E por isso foi lá que decidimos fazer o nosso jantar de despedida. Vestidos/as a rigor, honramos a terra que tão bem nos recebeu, num hotel que mais parecia saído de um conto das mil e uma noites: Bissau Palace Hotel (http://www.bissaupalace.com). O Palácio foi construído no século XIX, durante o reinado do Maharaja Sawai Jagat Singh, e transformado em hotel na década de 60 do século XX,  situado na área do velho bazar. As várias salas que o compõem são de uma beleza extraordinária. As paredes pintadas à mão, as telas grandiosas dos marajás e das suas famílias, a talha dourada, o mobiliário e as loiças antigas e requintadas, a biblioteca (ai, aquela biblioteca!!!), (re)criam uma “heritage atmosphere”, tão única quanto o ambiente que lá se respira. Arriscava a dizer que se Ernest Hemingway tivesse conhecido o Bissau Palace Hotel diria certamente: “"My mojito in La Bodeguita, my daiquiri in El Floridita... my Lassi (bebida indiana) in Bissau Hotel. E ali escreveria certamente o melhor dos seus romances. Os quartos não precisam de muita descrição, basta o nome: Princess chamber, Maharaja chambre... deixo à vossa imaginação J
Chegou a hora do jantar. Os preparativos começaram duas horas antes. As mulheres reuniram-se todas num dos quartos porque teríamos a ajuda de uma indiana para “vestir” os saris.  Por ser uma peça única, vestir um sari tem arte – saree wrapping -  e é feito de uma porção de técnicas, tradições e detalhes. Para mim teve magias várias. A magia que começou na compra dos saris e das indumentárias masculinas (outra história bem gira!!), ainda em Varanasi. Magia que se manteve nos preparativos e na compra das peças de ornamentação (como as pulseiras e os anéis, o calçado, os colares) que nos fez mergulhar também na simbologia milenar do sari (ser uma homenagem à beleza feminina), que tem cores fortes e tecidos bordados e sumptuosos, mesmo os mais baratos. E que culminou no momento ritualizado de o vestir. O sari foi, sem dúvida, a roupa mais elegante que já vesti até hoje. Quando nos encontramos todos/as na sala de estar, a reação foi até emotiva. Numa sala sumptuosa, trajados/as a rigor, partilhamos mais um momento inesquecível. “O Mundo voltou a ser nosso” J


* Maharani é o feminino de Maharaja (Marajá) e significa tanto a esposa de um marajá como uma mulher no poder.

(publicado a 2 out 2016)


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