Foi a cidade que mais me marcou, e não é difícil
perceber porquê!
O seu nome significa “Porta do Céu”. É um destino
sagrado por ser o local que dá acesso à vida eterna. Ao ser escolhida por Shiva, deus da destruição, que ali viveu com a
sua mulher, Parvati, Varanasi tornou-se a cidade do recomeço e do renascimento
(os hindus acreditam na reencarnação e creem que o seu comportamento nesta vida
determinará a sua próxima vida). Ser cremado em Varanasi e ver as suas cinzas
atirada ao Ganges é o desejo de muitos indianos. Mas também não é para todos.
Até na morte se evidenciam as fraturantes desigualdades sociais que marcam a
Índia. O preço da cremação varia de acordo com a nobreza da madeira, e mesmo
ser cremado em madeira não é para todos/as.
Respira-se religiosidade e misticismo em todos os cantos.
Milhares de pessoas juntam-se nas ghats (que representam a
ligação entre o terrestre e o divino), nas margens do rio Ganges, onde se
banham, lavam as suas roupa, e bebem da sua água (imprópria para consumo)
enquanto rezam e agradecem. Outros meditam. Nas ruelas transitam peregrinos, sadhus
(homens santos) e sacerdotes hindus (brâmanes), que deixam as suas oferendas em
pequenos altares. Tudo num cenário de muita cor, cânticos e cheiros intensos...
que vão desde o cheiro a incenso aos cheiros dos esgotos que correm a céu
aberto e dos animais, principalmente as vacas, que circulam livremente por
todos os lugares. Uma Índia em estado bruto onde tudo é possível.
Todos os dias, depois do pôr-do-sol, há uma cerimónia em
homenagem ao rio Ganges, conhecida como ganga aarti. Uma cerimónia emotiva e
impactante, pelo seu significado, mas admito que não tanto quanto assistir ao
nascer do sol, num qualquer barco a remos que vagarosamente e em silêncio
percorre o Ganges e nos permite uma experiência única na vida. Varanasi ficará
para sempre bem pertinho do coração.
(publicado a 29 set. 2016)
(publicado a 29 set. 2016)
💙💕💙
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