sábado, 19 de novembro de 2016

“Cães não são nossas vidas inteiras, mas fazem nossas vidas inteiras”





Sempre achei que o meu ritmo de vida não era compatível com animais de estimação, muito menos com cães, pela sua dependência e necessidade de espaço. A isto juntava-se uma total incompreensão com o facto de as pessoas condicionarem as suas vidas por causa deles. Abdicarem das suas férias ou saírem à rua com chuva e frio só para os ir passear. Achava exagerado ver alguém a chorar copiosamente pelo animal doente ou pela sua perda. Entretanto, em 2013, o Bart entra na minha vida... e tudo passa a ser diferente.
Hoje tenho noção que não fui eu que o escolhi, foi ele que me escolheu, quando saiu desenfreado a correr na minha direção, tinha ele 5 meses.
Comigo há três anos, tornou-se o meu companheiro inseparável. No início resisti a esta dádiva de amor. Eu dava pouco, ele dava-me tudo. Hoje, eu dou-lhe tudo e ele consegue dar-me ainda mais. Não esteve sempre na minha vida, mas faz a minha vida inteira, pelo seu amor incondicional e por me ensinar a amar, a priorizar o outro, a cuidar e a demonstrar carinho. Talvez seja por isso que eles vivem menos tempo do que nós, porque não precisam de tanto tempo como nós para aprender a amar, a perdoar e a ser felizes. Como diz no filme Marley and Me é impressionante quanto amor e alegria eles trazem para nossas vidas, e quanto nos aproximamos uns dos outros por causa deles.
É nas partilhas do dia-a-dia que tudo faz sentido e é nelas que consolidamos o elo de confiança. Enquanto eu chego a casa do trabalho sem energia e sem paciência, ele está pronto para correr, pular e brincar, revitalizando o meu dia. Com os seus olhos redondos, escuros, expressivos e cheios de vida é impossível chatear-me com ele e, quando o faço, enche-me de mimos, afinal a minha atenção parece ser mais importante do que o seu orgulho. Partilhámos o sofá, e ele consegue ficar sempre com o melhor sítio... preferencialmente no meu colo. Vai comigo para todo o lado, mesmo sem ser convidado. Não tenho roupa que não tenha pelos (e isso não me chateia nada). Passeamos muito, vamos à praia, corremos q.b, e temos imensas conversas, às quais ele responde com um roncar intervalado por grunhidos como se estivesse engasgado :-) É um elemento da família e ponto. E sobre isso não há discussão.
Se “humanizar” os nossos animais não é bom, porque passamos por cima das suas necessidades, eles têm o poder imenso de nos humanizar, porque nos tornam pessoas melhores... e só por isso vale a pena!!

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