Eu diria, em alguma vida fui
andorinha...
Não fosse esse desejo dela de conhecer o mundo e de viver (novas) experiências,
com aqueles olhos, mais de quem olha do que de quem vê.
Não quisesse ela que o voo
fosse a jornada e, por isso, quando chega, se prepara para o próximo voo. E em
cada voo traz a coragem e a esperança renovadas.
Não procurasse ela a sensação
de liberdade que a leva a ir. A mesma sensação que a faz regressar sempre a
casa. Esteja onde estiver, lembra-se sempre das suas raízes, da sua casa e dos
seus. Quem fica, deve admirar-se e orgulhar-se do voo... e terá eternos
regressos. Não é possível aprisionar os que têm asas, os que são de ir.
Não sentisse ela que o voo só
faz sentido se tiver por perto quem torne a sua jornada mais leve, quem a
encoraje no voo e fortaleça nos momentos de desânimo.
Não tivesse ela a coragem
para enfrentar, de peito aberto, as (suas) tempestades, sabendo que sempre que
parte regressará diferente, e sempre que regressa alguma coisa pode ter
partido. Mas é no “vazio que o voo acontece” e é nas escolhas que está a sua
força.
Apesar do seu voo parecer
destemido, mantém-se perto de terra, não arriscando em voos altos que talvez a
fizessem escandalosamente feliz. Mas, na segurança do voo, endireita as asas,
impulsiona (n)as subidas, resiste nas quedas e faz voos rasantes de quem
confia.
Sim, em alguma vida fui andorinha.
Guardo memória de ‘dias vindouros’ ★