Na crónica
anterior tentei evidenciar como visitar Roma é perder-se num Museu. Sem
clichés, é uma verdade incontornável! Mas o que pode tornar uma verdade
incontornável num momento (in)esquecível? Saint-Exupéry diria que “foi o tempo
que (lhe) dedicaste”. Não poderia concordar mais. Quando dedicamos tempo
conseguimos ouvir os batimentos da cidade. Ela nos leva no seu ritmo,
encantando-nos ou decepcionando-nos... mas não é tudo parte do mesmo
enamoramento?
Para mim,
Roma foi feita para ser calcorreada...Passear pelos bairros típicos, como o
Bairro Trastevere, que nos conquista
com o seu ar boémio, mas tranquilo, e nos faz andar pelas suas ruas calcetadas
e becos simpáticos, cheios de vida, avizinhadas por pequenas igrejas, fontes e
imagens medievais. Visitar os jardins da Villa Borghese, que são
uma combinação perfeita entre a natureza e a arte de Roma. Não interessa se a
caminhada é feita a pé, de segway, de bicicleta ou de patins em linha... o que
interessa é que se vá! Caminhar pelas margens do Rio Tibre, cosendo as suas
margens ao cruzar as inúmeras pontes. Belas, como se querem, grandiosas como se
espera. Como são lindas as cidades com rio dentro! Andar pelas ruas comerciais,
como a Via del Babuíno, Via della Croce, Via Condutti, feitas
de charme e de gente bonita, com o luxo a cada esquina, onde só as
carteiras mais destemidas podem entrar.
É neste
tempo que dedicamos à cidade e aos seus ritmos que construímos a nossa história
com ela. Quando a viagem a Roma fizer memória, estou certa que será aquele chá
quente, ao pôr do sol de um dia de inverno, com vista para a Basílica de São
Pedro, que me fará recordar o Castel Sant’Angelo e todos os
monumentos históricos que ele simboliza. Ou o cappuccino que
tomei num bar-biblioteca de uma qualquer rua de Roma, que me trará a imagem das
suas gentes e da sua cultura. Que será a lembrança dos dois padres de batina
preta a correr pelo Vaticano fora, como num qualquer livro de Dan Brown, que me
transportará para Praça de São Pedro e para os mistérios e segredos que Roma
parece esconder.
Construí uma
história bonita com Roma, nem por isso deixo de ter presente que ela comporta,
também, os perigos de uma grande cidade turística. Mas estou certa que quando a
viagem a Roma fizer memória, quererei regressar para ver as quantas outras
coisas que ficaram por visitar. Afinal, só no fim é que devia estar a começar...
Bairro Trastevere |
Jardins Villa Borghese |
Cícero: "Não basta adquirir sabedoria; é preciso, além disso, saber utilizá-la."
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