domingo, 3 de setembro de 2017

Trilhos de natureza e pequenas aventuras (4): 'Sistelo ao luar'





Uma experiência diferente. Foi assim que vivenciei "Sistelo ao Luar: trekking com as estrelas", organizado pela Borealis, ontem, dia 2 de setembro.
Há muito que oiço falar na aldeia de Sistelo, no concelho dos Arcos de Valdevez, às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, junto à nascente do rio Vez. Para alguns, o “pequeno Tibete português”, por causa da configuração dos seus terrenos, em socalcos.  Uma marca identitária única, que tem sido moldada há centenas de anos. Hoje, mote para o desenvolvimento turístico da região.
Vi os socalcos? Não. Isso terá de ficar para uma próxima vez. Mas descobri que o céu de Sistelo também é feito de "socalcos" e que o Miradouro da Estrica (que também é um trilho) é um lugar privilegiado para conhecer os mistérios das noites estreladas e os nomes e os desenhos das constelações estelares. Para onde fica o norte? Procurem a Estrela Polar... e, quase como que por magia, desenha-se uma rosa dos ventos no céu. Sabiam que a Estrela Polar não é a que mais brilha? Mas é a única que permanece sempre fixa no firmamento. Aqui entre nós, acho que até a Lua lhe presta reverência. 
Ao longo do trilho, fomos ouvindo histórias de cordel sobre os nossos antepassados, e recriando, nas nossas cabeças, cenários míticos. Não fosse a noite a melhor amiga da fantasia e da criatividade. O barulho das botas a pisar as folhas, a luz das lanternas a espreitar por entre a escuridão, o ramo que se parte, o caminho que não se vê. O que perdemos em visão de detalhe, ganhamos nos outros sentidos. Apuramos a visão periférica para que a noite ganhe forma(s). Ouvimos mais e melhor. Identificamos, pelo cheiro, as árvores, as flores ou as ervas que se passeiam entre nós.  E, pelo tacto, fazemos parte do caminho. 
O trilho em si não é difícil, mas trilhos noturnos são sempre mais exigentes, como o são os sons da noite. De regresso à aldeia,  já perto da meia noite, um chá quente e um bolo animaram uma visitinha à lua (pelo telescópio). 
Vi os socalcos? Não. Ontem, para mim, Sistelo foi luz e lua.
Uma experiência diferente, onde o tempo se demora.

Aviso à navegação
J 
Quando a reportagem fotográfica do evento estiver disponível, atualizarei este post para poderem ver aquilo que eu senti.




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