-“Trazes chocolates para a Bélgica? E suíços?” Disse-me ela, com cara de desânimo. No momento não percebi, admito que até fiquei um pouco desolada, depois foi gargalhada geral, quando me apercebi que havia lojas de chocolate porta sim, porta sim! Chocolates de todas as formas e feitios, expostos em vitrines como se de joias se tratassem. Quem é que leva chocolates para a Bélgica? Só mesmo eu!! J
Visitei a Bélgica de saltito em saltito.
Bruxelas, Leuven, Bruges, Ghent e Dinant. Todas bonitas. Bruxelas recebeu-me,
Leuven acolheu-me, Dinant surpreendeu-me, Ghent abraçou-me, mas foi em Bruges
que o meu coração palpitou. Foi de comboio que desenhamos a jornada. Uma das
melhores formas de viajar pela Bélgica, mas nem sempre muito fácil. Sem saber, o
comboio contou-nos um pouco da história de um país cheio de fronteiras
simbólicas, linguísticas e culturais que fazem do passado ainda muito presente.
Das janelas vislumbramos paisagens e cores diferentes à medida que nos
deslocávamos para norte ou para sul. Pelas suas gentes, que entravam e saíam a cada
apeadeiro, desvelamos a Bélgica dos flamengos,
falantes do neerlandês, e a Bélgica dos valões que falam o francês. Acho
que foi esta confusão que me fez levar chocolates suíços para a Bélgica!!
Cheguei por Bruxelas. Dela guardo a imagem da Grand Place que
é Património Histórico da Humanidade pela UNESCO desde 1988, e dos passeios
obrigatórios pelas ruas e ruelas do centro. Cheias de gente e
multiculturalidade. Em cada esquina, lojas de chocolates e de frite (batatas fritas), mas são as waffles que definem o cheiro da cidade. Sim, Bruxelas cheira a waffles. Não precisamos de muita atenção
para encontrar os imensos murais espalhados pelas ruas com obras de artistas
belgas famosos, como Hergé, autor do Tintim, mas precisamos de algum esforço
para esconder a desilusão sentida quando encontramos o Manneken Pis. Tira-se a foto, mas os olhos não crescem de admiração.
Bruxelas |
Murais em Bruxelas, Tintim |
Leuven acolheu-me. Uma cidade universitária, a Coimbra da Bélgica (deve ser por isso que é a capital da cerveja JJ) que cresce sob uma arquitetura imponente, mas repleta das regalias da urbanidade. Uma cidade que tem tudo: história, cultura, modernidade e animação. Não há como não se fascinar com a Town Hall (Câmara Municipal), edifício de estilo gótico, construído no século XV, com as paredes todas ornamentadas e esculpidas, que mais parece um bordado.
Town Hall, Leuven |
Bruges |
Ghent |
Pouco sabia sobre a Bélgica, além do facto de ela ter tido um lugar de destaque na história, pela sua atividade comercial e cultural e, mais atualmente, por ser o centro nevrálgico da União Europeia. Se há algo que é apaixonante na Bélgica é, sem dúvida, a diversidade do seu património histórico, cultural, linguistico e a diversidade das suas gentes. Regressei com o sentimento de que muito ficou por conhecer... e ainda bem! Precisamos sempre de um motivo (ou não!) para regressar... mas desta vez, sem chocolates!!!
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